SERÁ DEUS, JUSTO?



Foi-me questionada a Justiça Divina. “Será Deus, justo?”

O assunto era O Holocausto Judeu. Na hora afirmei que Deus é bem justo sim, que essas coisas, as vezes, precisam acontecer e que, para quem morre não é tão ruim, pior é para quem mata. Mas depois fiquei pensando no sofrimento daquelas pessoas antes da morte, por dias, meses, fome, frio … Será isso necessário? Justo?

Se vou avaliar a Justiça Divina devo começar pelo princípio: O QUE É DEUS?

Partindo do pressuposto de que Deus é o criador de tudo e de todos, Ele precisa ser a suprema inteligência. Uma inteligência infinita pois abarca o infinito. E, sendo o infinito tão bem planejado, tão bem distribuído, cada coisa em seu devido lugar e tudo cooperando para a existência de todos os seres; podemos concluir que o Criador é bondoso. Infinito em sua bondade. Acreditando em sua soberana bondade devemos acreditar em sua soberana justiça, pois se agisse injustamente ou com parcialidade em relação a uma só de suas criaturas Ele não seria infinitamente bom. E não sendo perfeito em todas as Suas qualidades não seria Deus.

Então, se Ele é soberanamente justo e bom, porque coisas ruins e extremamente perversas acontecem?

Deus, como criador, nos dotou de duas coisas muito importantes: uma é o LIVRE ARBÍTRIO, ou seja, podemos fazer aquilo que temos vontade (mas sem, com isso, descartar nossa responsabilidade por aquilo que fazemos); a outra coisa importante para nossa vida é, por incrível que pareça, a morte. A morte, o medo dela, o instinto de sobrevivência é o que impulsiona a vida. Queremos sempre fazer com que nossa curta existência seja no mínimo memorável. Escutei uma frase muito interessante outro dia que diz o seguinte: “se a vida fosse por tempo indeterminado, muito provavelmente ainda estaríamos com a bunda de fora e uma lança na mão”.

A combinação dessas duas coisas resulta em diferentes ações em cada pessoa. Hitler queria criar uma raça pura, pois assim seriam mais fortes e resistentes à morte. Doce ilusão!

Podemos concluir então que as coisas boas ou ruins que os homens fazem, em função do seu livre-arbítrio, não vem de Deus e, tendo nos dotado dessa livre decisão sobre nossas ações e sendo Ele imparcial, não pode interferir.

OK. Hitler usou sua liberdade de escolha e o medo da morte para fazer o que fez. E os judeus, tiveram escolha?

Escolhas sempre existem. A cada minuto escolhemos uma entre muitas possibilidades. Cada um escolhe o que lhe convém diante do que precisa enfrentar. Eles poderiam se juntar, se rebelar, fugir, suicidar, ficar e aceitar … como muitos fizeram, como todos fizeram. Cada um fez sua escolha diante daquela situação. NÃO É DEUS QUE ESCOLHE, SOMOS NÓS. Podemos seguir o exemplo Dele de carinho e bondade para com todos, ou não. Só depende de nós.

Dificuldades sempre aparecem, em maior ou menor grau. Seja através de um louco tirano como Hitler ou através do seu chefe no trabalho; seu filho, sua família ou seus vizinhos. Temos lutas diárias para enfrentar e isso é o que impulsiona a vida, e são nossas escolhas diante dessas situações que vão delineando nosso futuro e o futuro dos que conosco caminham.

Tudo bem. Entendi. Mas Hitler morreu tirano, com milhões de “mortes nas costas” sem ter sido julgado ou condenado pelo que fez. Enquanto muitos judeus que nunca fizeram mal a ninguém morreram em condições lamentáveis. Que sentido isso faz? Cadê a tal da Justiça Divina?

Aqui a questão se divide. Preciso fazer outra pergunta: você acredita que existe vida antes da vida e depois da morte? Se a resposta for não, o caso acaba aqui, pois não consigo enxergar justiça alguma. Se não existe justiça nesse caso, Deus não é soberanamente justo e não sendo justo não pode ser Deus. Então tudo o que falei anteriormente foi uma grande bobagem. Mas … se a resposta for sim e você acreditar (como eu) que a vida não começa somente na concepção ou no nascimento e que não termina com a morte do corpo, essa existência é uma consequência da vida que tínhamos antes e a próxima será uma consequência desta. Em constante movimento, em constante evolução; como tudo na natureza. Nada acontece por acaso. Nem alegrias, nem tristezas. Tudo acontece pela Lei Universal de ação e reação. Assim consigo ver a Justiça Divina em operação.

Se os judeus sofreram foi por consequência de atos passados e o que fizeram com esse sofrimento determinará como será o futuro deles. Hitler tendo feito as escolhas que fez delineou sua própria vida futura.

Nossa evolução depende das escolhas que fazemos. Se Deus nos fez sua imagem e semelhança, o topo da escada é bem próximo Dele. Precisamos ser soberanamente justos e bons para conseguir subir os degraus. Todos colherão de acordo com o que plantaram. Subir ou descer só depende do nós. Essa é a grande justiça divina.

Comentários

  1. Abordar essa questão é tratar um tema presente nos debates ideológicos, teológicos e acadêmicos há séculos e, até onde sei, nenhum dos lados está totalmente satisfeito com as respostas encontradas. Falar de justiça divina é questionar dos fundamentos da própria vida e a existência de Deus. Falar da bondade divina em oposição aos sofrimentos do homem é ao final, chegar ao questionamento: “Deus existe?” Se existe, porque permite o sofrimento de inocentes e o mal?” E nessa teia de dúvidas, apenas os ateus se posicionam confortáveis pois, a eles cabem as perguntas, mas não necessariamente as respostas; pois o ônus da prova cabe a quem acusa. E neste caso, os que creem em Deus afirmam que Ele é Todo-poderoso e Bondoso, coisas que colocam em xeque a realidade: mortes, assassinatos, fome, doenças e furacões sobre pessoas que não têm culpa – crianças, idosos, deficientes físicos, mentais... Com isso, o panorama parece sempre desfavorável aos que creem num Criador porque têm de “provar” suas premissas diante das “evidencias” em contrário. Para os que creem na reencarnação a equação mais ou menos se simplifica, pois basta adicionar uma variável: o ciclo kármico! E explicar que o sofrimento aparentemente sem sentido de um indivíduo é o karma ou escolha evolutiva que ele fez antes de reencarnar neste mundo, em tal corpo e em tal circunstancias para seu próprio aprimoramento espiritual. Assim, qndo vemos alguém sofrendo ou que nasceu deficiente, podemos alegar que ele próprio escolheu passar por aquilo, enquanto espírito desencarnado, para ascender degraus evolutivos. Ou na pior das hipóteses, estaria pagando uma dívida kármica, já que por trás de aparentes tragédias, sofrimento e dor, existe uma lei espiritual em ação, assistida por entidades superiores afim de evoluir a espécie humana. O mal de agora resultará em um bem maior futuro! Mas como nem todos creem em reencarnação, o problema continua e minha pretensão não é explicar porque o mal existe(?) mas, pontuar que não se pode explicar isso porque nenhum ser humano conseguiria ver o quadro maior por trás de tudo o que acontece simultaneamente no mundo. Por exemplo, um filhote de animal que sofre e morre numa floresta que incendiou-se por causas naturais, deixa-nos comovidos mas, num quadro maior, a terra em qual a floresta está, se renova para se manter viva e cultivar todas as formas de vida, animais e vegetais, que há nela. Por causa de nossa perspectiva limitada, não podemos condenar algo que não entendemos completamente. O fato de “não vermos” motivo em algo, não significa que “não há motivo” pra estar ocorrendo”. Se um pai leva uma criança ao médico, ela chora não entendendo porque está tomando uma injeção; porque seu pai lhe permitiu passar por dor e sofrimento. Porém, não se espera que uma criança entenda a razão de aquilo acontecer a ela. Assim, se existe um Deus, a extensão de Sua sabedoria e conhecimento é infinitamente maior que a nossa; e só Ele entende plenamente o projeto e propósito da criação. Se Deus tem uma explicação para cada acontecimento qual a chance de nós a entendermos em cada caso?! O mal e o sofrimento então, tem explicação, mas não é compreensível para nós até o momento. Em Jó 38: 1-33 Deus mostra que a esfera de conhecimento humana é pequena para que possa compreender o plano geral da criação e do universo. Recomendo sobre o assunto, o livro "Abandonado por Deus- coisas ruins acontecem. Deus se importa?" de Dinesh D’Souza, Ed. Vida, 2015, (p. 82,83,84)

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    1. Ótima colocação. Nunca teremos resposta para tudo, porėm temos de ter fé e acreditar que para tudo existe um propósito.

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