ABORTO: LEI OU CONSCIÊNCIA?


Aborto. Tema controverso. Tabu desde sempre, agora está sob os holofotes das mídias possibilitando uma maior discussão sobre o assunto. Quando é que realmente começa a vida?   É crueldade? É dever do Estado garantir às mulheres que desejam realizar o aborto um mínimo de estrutura e amparo?  É permitido somente em casos de estupro e má formação fetal?  As mulheres tem direito de decisão sobre o corpo delas?


Estas são as questões em debate atualmente. Como o tema é bastante controverso, apesar da troca de ideias ser bem válida, se tornou mais um tópico para reforçar a polaridade entre as pessoas que estão cada vez mais divididas. Tornou-se mais uma pauta para a violência verbal nas mídias sociais. Há o grupinho que é a favor da legalização - “a mulher tem o direito de decidir sobre o próprio corpo. É uma questão de dignidade, ninguém acha o aborto legal”- e há o grupinho que é contra – “somos a favor da vida. É um assassinato, Deus não permite isso!”. Mas da forma como andam as conversas dificilmente chegarão a um consenso.

Tudo isso é válido que pensemos, principalmente quando muitas mulheres morrem ao realizar abortos em clínicas clandestinas sem a menor infraestrutura. Mas para nós, espiritualistas, e para aqueles que estão no caminho do despertar, os questionamentos precisam ir além e mais fundo. Precisamos pensar no fundamento de toda a vida. O que somos nós?  de onde viemos? Há um planejamento?  Porque as coisas acontecem como acontecem?  Porque com essa pessoa e não com outra?

Quero deixar minha opinião, não em relação à lei - se deveria ser legalizado ou não – mas em relação ao ato propriamente dito. Pois a despeito de qualquer lei humana “tudo me é permitido realizar, mas nem tudo me convém” (1Co 6:12). De acordo com aquilo que acredito e que vivencio, tudo o que existe, existiu e existirá tem um propósito a cumprir. Do átomo ao anjo, passando por todas as complicações humanas, tudo tem um porque de ser. E, além disso, todo acontecimento traz em si vestígio de atos anteriores, sementes de conseqüências e gatilhos para a evolução futura, por pior - ou melhor - que aparente ser no presente. Portanto, se a pessoa foi estuprada e engravidou (vamos usar esse exemplo extremo por questão de melhor entendimento, mas sabemos que essa é a menor parcela das mulheres que optam por fazer o aborto sendo a maioria “só” por uma gravidez não planejada), isso supõe uma reação a alguma causa passada e, o que ela fará a partir daí, gerarão outras reações no futuro. não se pode tocar uma flor sem incomodar as estrelas (Francis Thompson). Acredito que a lei universal de ação e reação seja inexorável. O que plantamos colhemos. Não estou dizendo de forma alguma que quem foi estuprada mereceu isso, estou falando que nada é por acaso e que tudo o que nos acontece merece uma profunda reflexão para achar o efeito causador e assim poder agir diferente e cessar com as conseqüências desse tipo.

 É aqui que entra o que eu penso sobre o abortar. Essa gravidez não aconteceu por acaso, pois este não existe. Veio para expiar alguma falha e trazer algum aprendizado. Se optar por tirar a criança você estará fugindo da expiação, do aprendizado e criando ainda mais “carma” que precisará ser pago em algum momento. Abortando, a pessoa está fugindo de colher aquilo que plantou achando que o fruto não é seu. Tudo o que nos acontece é de nossa responsabilidade, não adianta fugir, a situação nos acompanhará pela eternidade até que resolvamos encarar e assumir tudo aquilo que vier, abraçando o trabalho que nos foi delegado com amor e resignação. Vendo as coisas dessa forma, transformamos o castigo em bênçãos e colheremos bons frutos. Abortando, ou seja, adiando de cumprir com a tarefa lhe cabe, também haverá aprendizado, também haverá evolução, mas será a passos mais lentos e a dor da caminhada talvez seja maior. O velho ditado se faz verdadeiro: “quem não aprende pelo amor, aprende pela dor”. A dor é ótima professora, o sofrimento é um grande mestre, embora nem sempre seja compreendido.


A grande questão é: aborto, sendo permitido por lei ou não, é uma questão de consciência. É perceber o que está por trás do ato si. É saber enfrentar aquilo que a vida traz, sem fugir, sem se esconder, sem adiar. Devemos fazer o que nos cabe agora e retomar tão logo quanto possível o nosso estado de excelência.

Percebeu que em momento algum falei sobre o direito à vida do feto?  Essa é uma outra questão – que está relacionada, é claro, nada está separado, mas dá assunto para outra postagem. Falei unicamente da pessoa, pois cabe somente a ela a decisão de levar essa gravidez adiante e dar a chance dessa criança crescer e se desenvolver da forma como lhe cabe, dentro de suas próprias missões a cumprir e questões a resolver;  ou de interrompê-la, adiando esse nascimento e arcando com as conseqüências para si e para a alma que estava prestes a vir ao mundo.

Resumindo para finalizar a minha opinião de acordo com aquilo que acredito e vivencio: nada é por acaso e toda ação tem conseqüências, boas ou ruins, não há como fugir delas, somente adiar e, o próprio adiamento, implica em mais conseqüências. Cabe a cada um decidir o que quer para a própria vida, não podendo transferir as tarefas e a culpa para outros. Independente da decisão tomada é preciso encarar o que vier depois.

A reflexão que deixo para pensarmos: Não seria melhor para de fugir e encarar o que quer que a vida nos trouxer?  O que motiva a realização de um aborto é o medo, geralmente. Será que podemos encarar o medo e acolhê-lo com Amor?

Como eu disse anteriormente “vamos fazer o que nos cabe agora e retomar tão logo quanto possível nosso estado de excelência”. Pode não ser fácil, mas é o que precisa ser feito.



Grande abraço.






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