LOUCO OU BUDA?
Quando estamos cheios
de energia, precisamos extravasar. Quando nossa energia está
transbordando, somos criativos. A criatividade acontece devido à
energia que não cabe mais no corpo, é preciso colocá-la pra fora.
Na sociedade em que
vivemos esse “colocar pra fora” não é bem visto e é até
reprimido. Tanto que a cada dia, mais e mais crianças estão sendo
diagnosticadas como sendo portadoras de um montem de distúrbios
comportamentais, como a hiperatividade ou o transtorno opositor
desafiador. E o pior, estão sendo medicadas para ficarem calminhas.
Ficar “calminha” aqui significa “seguir as regras”. Acontece
que a maioria delas não tem transtorno algum, são só crianças, e
crianças são seres cheios de energia e, portanto, criativas,
alegres e barulhentas. E opositoras. Não gostam de seguir regras ou
rituais, eles são chatos, não usam da criatividade.
Adultos com esse perfil
de energia transbordante são considerados excentricos e/ou loucos.
Pessoas muito inteligentes e criativas, frequentemente enlouquecem.
Mas há outro caminho além da loucura, há uma saída: a Iluminação.
Osho disse “se Nietzsche tivesse se entregado à meditação teria
se tornado um buda”. Os hospícios estão cheios de budas em
potencial. Podemos dizer isso para os artistas e para os criminosos.
Só pessoas medíocres conseguem permanecer sãs.
É mais fácil um
assassino se iluminar do que uma pessoa “comum”, pois eles já
tem a energia necessária. O homem comum, o Zé Ninguém de Reich
(veja essa postagem), estão como que adormecidos, anestesiados.
Tem uma passagem
interessante no livro do Osho “A Semente de Mostarda” que conta a
seguinte história:
Valmiki era dacoit, um assassino, vivia de matar. Um instante
aconteceu -- ele se iluminou.
Um
Iluminado estava passando e Valmiki, o assassino, um homem que vivia
de roubar, assaltou-o. O Iluminado disse a Valmiki:
-
O que você quer?
Valmiki
disse:
-
Vou roubar tudo o que você tem.
O
Iluminado disse:
-
Se você poder fazer isso, ficarei feliz, porque tenho algo mioto
interno; roube-o e será bem vindo!
Valmiki
não entendeu, mas disse:
-
Estou me referindo somente as coisas exteriores.
O
Iluminado disse:
-
Mas eles não ajudarão muito. Por que você está fazendo
isso?
Valmiki
respondeu:
-
Pela minha família, por causa dela -- minha mãe, minha mulher,
filhos -- se eu não fizer, eles morrerão de fome; e eu só sei
fazer isto.
O
Iluminado disse:
-
Amarre-me em uma árvore de um modo que eu não possa escapar, e vá
dizer a sua mãe, à sua esposa e a ás crianças que você está
pecando por eles. Pergunte-lhes se estão prontos para compartilhar
do castigo. Quando você estiver diante de Deus, quando chegar o
juízo final, estarão prontos para compartilhar o castigo?
Pela
a primeira vez, Valmiki começou a pensar. Disse:
-
Você deve está certo, irei perguntar a eles.
Voltou
para a casa, perguntou a sua mulher e ela respondeu:
-
Porque eu deveria dividir o castigo contigo? Não fiz nada. Se você
erra é responsabilidade sua.
Sua
Mãe lhe disse:
-
Porque deveria compartilhar? Sou sua mãe, é seu dever me alimentar.
Não sei como conseguir pão. A responsabilidade é sua.
Ninguém
estava pronto para dividir o castigo -- e Valmiki se converteu.
Voltou,caiu aos pés do Iluminado e disse:
-
Dê-me agora o interno, não estou interessado no externo. Deixe que
eu seja um ladrão do interno. porque entendi que estou só e
qualquer coisa que eu fizer, a responsabilidade será minha, ninguém
irá dividí-la comigo. Nasci só e morrerei só. Tudo que fizer será
minha individual, pessoal responsabilidade; ninguém irá
compartilhar comigo. Agora tenho de olhar para dentro e descobrir que
sou eu. Acabou! Acabei com tudo aquilo que fazia!
Este
homem foi convertido em um segundo.
Portanto minha gente, deixem suas crianças
serem crianças. Insentive sua criatividade, não lhe imponha tantas
regras. Deixem seus artistas se expressarem, ajudem aos criminosos a
converterem sua energia para coisas produtivas. Assim teremos uma
sociedade transbordante. Uma terra de budas!
----------- Bruna Pinto
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